Turismo ecológico, nossa vocação natural




Por: Adriana Garrote*

O rio Paranapanema passa por 34 cidades, onde vivem mais de 530 mil habitantes. Ele faz parte da Bacia do Paraná, onde são contadas 120 (cento e vinte) usinas hidrelétricas de grande porte, isto sem mencionar as pequenas e médias. Dá para imaginar a quantidade de cimento que se encontra nos rios de nossa bacia? E, ainda assim, não está bom, ainda não basta.

O que possuímos até agora são lagos para todo lado, energia saindo e proporcionando o desenvolvimento dos lugares mais ricos do nosso Estado. E o nosso desenvolvimento, nossas expectativas com o possível? Com a formação de mais um reservatório, justamente no trecho de corredeiras onde ainda se lança o esgoto da cidade, estaríamos condenados a um lago fétido, sem nenhuma chance de turismo de corredeiras, de esportes radicais. Com efeito, querem determinar o fim de nosso sonho, impor limites à nossa sobrevivência, visam ao próprio interesse, nada mais. Nossas águas geram energia elétrica desde 1937, e agora chegou a vez de investirmos de verdade em nosso potencial turístico.

Para os interesses econômicos do município, o ecoturismo é apontado como o grande filão. Esportes chamados radicais e competições náuticas em corredeiras fazem parte da nossa vocação. O turismo é o setor que mais cresce no mundo. Seja ele rural, ecológico ou de aventuras.

Desde 2002, somos Estância Turística, e este sonho é antigo, vários pirajuenses trabalharam – ou trabalham – para trilharmos essa nossa vocação natural. Hoje sabemos que o progresso, tão esperado, somente poderá vir através da real implantação do turismo. E o nosso desenvolvimento turístico está diretamente relacionado com o rio, o rio veloz, de corredeiras, dos esportes de aventura, de nossas cachoeiras, trilhas, arborismo, prainhas, sítios turísticos que são capazes de atrair e conquistar turistas de muitas regiões do Brasil e do mundo.

A pista de slalom (esporte de corredeira) que funciona no Salto do Piraju é classificada por atletas e treinadores entre as de maior grau de dificuldade em todo o país, uma raridade para a prática do slalom, de acordo com os aficionados desse esporte. O auxiliar-técnico da Seleção Brasileira de Canoagem, Odilon Dias, já afirmou que o local representa uma das três melhores pistas de slalom-canoagem com obstáculos do Brasil. Dias elogia o trecho de corredeiras do rio Paranapanema em Piraju pela qualidade das águas e pela privilegiada beleza paisagística ao redor.

As trilhas na mata ainda são pouco difundidas e exploradas. O turismo ambiental de nosso município é caminho certo e lucrativo. Crescimento sustentável através do turismo ecológico.

Barrar o último trecho vivo do rio em nosso município significa pôr fim às expectativas de crescimento e geração de emprego para a cidade. É importante salientar que o município de Brotas/SP, com pouco mais de 21 mil habitantes, possui um rio de corredeiras e recebe em torno de 140 mil turistas, entre feriados, férias escolares e carnaval, a cada ano (BARROCAS, 2005). De acordo com a Abrotur (Associação de Empresas de Turismo de Brotas e Região), eles começaram a implantar o turismo em 1992, a partir da Eco Rio, e hoje possuem uma infraestrutura bem montada para o atendimento aos turistas.

Empresários se uniram, e onde havia poucos restaurantes e dois hotéis para viajantes, hoje contam-se 35 hotéis e pousadas, mais de 15 bons restaurantes, 9 agências operadoras e mais de 10 sítios turísticos. E ensinam que “a verdadeira vocação do nosso município é o turismo”, diz Evandro Frasoni, presidente da Abrotur.

E o município de Brotas, com a valorização do turismo de natureza, ecoturismo e turismo de aventura, através de rapel, bóia-cross, rafting, tirolesa e arborismo, arrecada aproximadamente 20 milhões de reais todos os anos, depois que foi consolidado seu destino turístico. (BARROCAS, 2005).

Piraju necessita das corredeiras para implementar efetivamente seu turismo. A sociedade é soberana para decidir sobre seu destino. Cabe à nossa população manter sua decisão, visto que o represamento atingiria somente terras do município. Pessoas de fora, que não vivem aqui, e que, de passagem, somente visam ao seu próprio lucro, não podem decidir por nós.

*Contato: adrianagarrote@ig.com.br




Foto: Fernando Franco - OAT

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