DIA DO MEIO AMBIENTE - O QUE TEMOS PARA COMEMORAR?


Enquanto o poder público não se dedicar seriamente a desenvolver uma política cooperativista entre todos os atores o turismo jamais será sustentável.

Texto: Mello

Fotos: equipe Teyque'-Pe'



Ong ao iniciar

 Ong comemorou a semana do meio ambiente com ação voluntária de limpeza


No sábado, dia 04 de junho de 2022, a Organização Ambiental Teyque'-Pe' pôs em prática uma ação de limpeza na rua Henrique Nardini, na Vila Tibiriçá, atividade alusiva às comemorações da semana mundial do meio ambiente. Os voluntários se encontraram às 9:30 da manhã ao lado da Igreja de Santo Antônio munidos dos sacos vermelhos e sacos pretos para descerem a rua recolhendo todo tipo de material que por ali encontravam.

O local foi escolhido pois a referida rua, na parte de baixo, faz divisa com uma área nobre da Estância Turística e também é muito utilizada por quem mora no bairro e por ali transita nas idas e vindas para o centro da cidade. De fato aquela rua precisava de atenção vez que os associados da ONG já haviam mencionado em reunião da entidade a ocorrência de descarte inadequado de resíduos ali verificados  especialmente na divisa com o espaço público conhecido como "Parque das Jabuticabeiras ".

MORADORES ELOGIARAM A ATITUDE

Durante a coleta, os voluntários conversaram com alguns moradores. Eles enalteceram o trabalho e agradeceram pela ação ter sido realizada ali. Reclamaram muito com relação ao descaso do poder público e diziam que o lugar estava se tornando um verdadeiro depósito de lixo de todo tipo. Um deles até mostrou uma foto  de uma pessoa prestes a descarregar resíduos. Flagrado por um vizinho que por ali passava, tal pessoa "saiu de fininho, com o rabo entre as penas" após receber uma "dura" e saber que estava sendo fotografado, nas palavras do informante. O  descarte inadequado de resíduos em uma área de mata como aquela configura crime de poluição ao meio ambiente.

Flagrante capturado por um morador dias antes


A ação durou cerca de três horas. Foram retirados do local mais de 50 sacos de lixo, na maioria inservíveis. Desde caixa de TV, resíduos da construção civil até fraldas descartáveis. Foram contabilizadas 98 garrafas de vidro. Uma curiosidade foi o encontro de uma garrafa de refrigerante digna de peça de museu pois não se fabrica daquela marca há mais de década. Merece destaque também que esse tipo de descarte favorece a proliferação de insetos e animais peçonhentos. Por pouco uma voluntária não foi picada por uma cobra!

 De todo esse material, o que mais chamou a atenção foi a imensa quantidade de resíduos têxteis, ou seja, uma empresa de confecção, talvez extinta, com endereço no bairro, fez ou fazia ali o descarte das sobras de tecidos da linha de produção.

Os voluntários foram abatidos por um profundo desânimo, ante a constatação da quantidade de material encontrada.  Indignada, a Diretoria Executiva da Organização Ambiental Teyquê'-Pê', que lá estava, debateu o assunto: 

" - Será que a prefeitura tinha conhecimento daquilo?"

" - Porque em Piraju não há uma política para descarte de resíduos específico de lixo proveniente dos mais diversos setores desde a construção civil, até da indústria têxtil?

" - Será que conseguiremos retirar todo esse material e não tomaremos providências legais?"

" - Vamos denunciar?"

 Decididos a retirar dali o que conseguissem, apesar de a operação demandar muito tempo, finalizaram o trabalho   recolhendo cerca de 20 a 30 sacos de resíduos têxteis, ou  seja, aquilo que foi possível fazer. Além do mais foram colhidas  algumas amostras de etiquetas de roupas e envelopes lacrados de cartas endereçadas,  que possivelmente indicariam o autor daquele crime ambiental. A etiqueta da marca "Ellye" teria sido  a empresa responsável pelo dano.

Os sacos de lixo foram dispostos no meio fio e um caminhão oferecido pela Prefeitura transportou o lixo para o aterro e para a "Planeta Vivo", associação de recicladores local. Os próprios voluntários foram os responsáveis por colocar o resultado da coleta no caminhão.

Muito material foi deixado para trás, pois segundo Naomi, o lugar parece ser "inlimpável" dada a grande quantidade de material. Mesmo que ficassem até às 17 horas fazendo o serviço, Mello disse que não venceriam aquela empreitada.

Concluída a ação,  porém incompleta, a Organização Ambiental Teyque'-Pe', na segunda-feira dia 06, compareceu à Delegacia de Polícia e registrou a ocorrência. No mesmo dia, peritos do Instituto de Criminalística de Avaré fizeram a constatação, agora oficial, de que, realmente o que ali ocorreu foi um crime ambiental, talvez até de proporções alarmantes.

Os peritos que recolhendo amostras encontraras


NÃO TEMOS MUITO A COMEMORAR

Hoje em dia não há muito o que comemorar por aqui quanto a semana do meio ambiente. Enquanto o poder público não se dedicar seriamente a desenvolver uma política cooperativista entre todos os atores envolvidos, incluindo aí a população carente de informações sobre educação ambiental e sobre a correto direcionamento de resíduos urbanos, estaremos a mercê de pessoas que, buscando um meio de sobrevivência, agem em desacordo com a lei e destroem a natureza que nos resta. Precisamos cada vez mais buscar a sustentabilidade como estilo de vida especialmente para proteger o que nos resta enquanto Estância Turística.