Audiência em Ourinhos criticou usinas no Pardo


MEIO AMBIENTE — Última audiência pública para debater construção de usinas no rio Pardo teve forte presença de ambientalistas de Santa Cruz do Rio Pardo


Com a presença de diretores do Conselho estadual do Meio Ambiente e da Cetesb, a última audiência pública para debater a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) no rio Pardo mostrou que a região não deseja os empreendimentos. Apenas os diretores da Hidrotérmica — empresa que pretende construir as usinas — e da Ampla, que assessorou os projetos, defenderam as obras. A audiência ocorreu na terça-feira, 19, no Teatro Municipal de Ourinhos.

Há três projetos pedindo autorização para construir hidrelétricas na região. Duas das usinas planejadas ficam no município de Santa Cruz do Rio Pardo e a terceira, em Ourinhos. O alagamento vai atingir quase todos os municípios da região. Várias belezas naturais do rio Pardo — como os saltos Niagara e Guacho — devem desaparecer. Algumas pontes — como a que liga Óleo a Águas de Santa Bárbara e é utilizada para o transporte de funcionários da usina Nova América — também correm o risco de serem inundadas, sem que haja previsão para a construção de outras.
No total, a previsão é que as três usinas vão gerar, juntas, 66Mw.

A presença maciça de autoridades e ambientalistas de Santa Cruz do Rio Pardo foi elogiada por ourinhenses. “Santa Cruz lavou a alma da gente”, ressaltou o engenheiro Hamil Jubran Júnior. Ele trabalhou na construção da usina de Piraju, da CBA — empresa do grupo Votorantim — e citou que os municípios recebem “migalhas” como compensação e, ao mesmo tempo, o rio passa a ser propriedade particular, com o acesso da população dificultado.

Jubran também demonstrou preocupação com a retirada dos animais silvestres das áreas a serem alagadas. Segundo ele, é inevitável a morte de centenas deles. “Mas para onde vão levar os demais, inclusive os animais em extinção?”, indagou, lembrando que há informações de que parte deles irá para o Rio Grande do Sul, onde fica a sede da Hidrotérmica.

A professora Ana Maria Lamoso, de Santa Cruz do Rio Pardo, também alertou que há no município matas nativas com bugios, tucanos e outros animais. “Ninguém disse ainda para onde eles vão. E aqueles que a gente nem enxerga?”, questionou.

No mesmo raciocínio, o dirigente da ACE de Santa Cruz, José Sanches Marin, lembrou que há alguns meses uma onça apareceu na zona urbana da cidade, num episódio provocado pelo desmatamento. Ele lembrou que naquela mesma terça-feira, 19, o santa-cruzense Orlando Villas Bôas estava sendo homenageado. “Se fosse vivo, o que diria ele sobre estes projetos? Sem dúvida é uma traição à memória do grande sertanista”, afirmou.

A maioria dos participantes, a exemplo das audiências em Águas de Santa Bárbara e Santa Cruz, reclamaram do tempo curto para conscientizar a população para debater a instalação de usinas. O secretário de Meio Ambiente de Ourinhos, Diógenes Correa Leite, pediu a prorrogação das discussões, demonstrando apreensão com a captação de água do Pardo para consumo da população e falta de informações sobre a construção “sustentável” das usinas.

O técnico da Sabesp de Santa Cruz Luiz Carlos Cavalchuck disse que não são apenas 3 as usinas planejadas para o rio Pardo, pois existem outras duas já em processo de licenciamento. “Nosso patrimônio é fantástico e não vale R$ 300 milhões. Vamos barrar os projetos, pois no futuro seremos cobrados por isso”, disse. Ele criticou também a ausência do prefeito Toshio Misato (PSDB) na audiência, lembrando que as empresas vão recrutar funcionários do Nordeste e causar problemas sociais nos municípios.

Já José Eduardo Pinha, da ONG “Amanhecer”, insistiu que há pelo menos 9 projetos para a construção de usinas no Pardo. Ele revelou que Ourinhos “ainda não viu a cara da compensação” pela construção de uma hidrelétrica há alguns anos. “Depois que eles conseguem a licença, já era”, alertou.

O geógrafo Rafael Cortêz também pediu o indeferimento dos projetos. “Que eles procurem outro rio. E que nunca o encontrem”, protestou, sob aplausos. Alberto Takeshi Suzuki disse que o valor das belezas naturais do Pardo não pode ser medido em megawatts.

O prefeito de Águas de Santa Bárbara, Carlos Carvalho, denunciou que não há estudos sobre o impacto dos alagamentos na água mineral do município — engarrafada pela Nestlé — e que o turismo na região — “ainda engatinhando” — necessita das corredeiras.

Já Arceu Batista, prefeito de Canitar, admitiu que estava a favor das usinas, mas não tinha noção dos verdadeiros impactos. “Eu imaginava que seria uma boa, mas não sabia de tantos detalhes”, disse, defendendo o adiamento do projeto.

A secretária de Agricultura de Santa Cruz, Rosânia Guerra, também demonstrou uma mudança de postura. Há semanas, durante “sabatina” na Câmara, ela disse que era “a favor do progresso com o mínimo de impacto possível”, quando questionada por vereadores sobre as usinas no rio Pardo. Na audiência em Ourinhos, porém, Rosânia disse que o projeto “é indecente” e que sequer é conhecido pelos produtores rurais. “A natureza demorou milhões de anos para construir este patrimônio”, disse, referindo-se às belezas naturais do rio, “mas os empresários demoraram 8 meses para realizar estudos que ainda estão incompletos”. Ela pediu a anulação da audiência pública por absoluta falta de publicidade. “O povo precisa estar consciente do que está acontecendo”, insistiu a secretária.

Embora ainda pequeno, público em Ourinhos foi o maior das audiências

Santa Cruz - Secretária Rosânia Guerra manifestou-se contra usinas



Toma Nino Pigatto !!

CETESB e DAIA proíbem projeto de nova usina hidrelétrica em Piraju



Um salve aos "barrigas amarelas", aos ambientalistas de todo Brasil, ao coletivo de ONGs de São Paulo e à população pirajuense que, bravamente, nunca foge à luta! 

Parabéns ao prefeito Chico Pipoca (PP) e aos vereadores Luciano Louzada (PMDB), Denilton Bergamini (PP) e Valberto Zanatta (PSDB) que, desde o início da batalha, estiveram ao lado da Organização Ambiental Teyque'-pe' - OAT e Adevida na defesa do nosso maior patrimônio ambiental, histórico e cultural: o rio Paranapanema !

As corredeiras continuam livres e desimpedidas, rio abaixo, descendo, descendo e descendo... A identidade cultural do pirajuense está a salva! Agora, é continuar a luta diária pela manutenção de todo vigor das leis ambientais que protegem e preservam o último trecho de corredeiras naturais do rio Paranapanema no Estado de São Paulo!

Sim, agora é a hora da onça beber água! 

Ao completar no sugestivo dia 9 de julho, 10 anos da conquista do título de Estância Turística sem que nenhuma comemoração oficial fosse realizada para marcar a data, a população e eleitores pirajuenses querem saber quais as propostas apontadas nos Planos de Governo dos candidatos a prefeito Zezão Pansanato (PSDB), Elói Caputo (PT) e Jairzinho Damato (PMDB) para a área de meio ambiente e, principalmente, do desenvolvimento sustentável do turismo, tendo a calha natural do rio Paranapanema como base de um projeto maior que gere renda, emprego, crescimento econômico e que promova a justiça social e a cultura dos moradores de Piraju, preservando os recursos naturais do município.

A vocação natural de Piraju é o turismo em suas diversas expressões e a agricultura agroecológica, que elimina o uso de agrotóxicos e preserva o meio ambiente e a história local da região que produz o Melhor Café do Brasil e que pode vir a ser, em pouco tempo, um dos principais roteiros do país para o turismo de observação de aves, prática de esportes náuticos, pesca esportiva e turismo cultural.

Piraju precisa de projetos sustentáveis!! Piraju precisa de melhor planejamento e gestão dos recursos públicos! Piraju precisa criar mais incentivos para que  empresas não poluidoras se instalem na Estância. Piraju precisa de educação de alta qualidade, com a presença de Universidades e ou Faculdades públicas e particulares.

Enfim, Piraju precisa de "vontade política" para evoluir !

Mas não só de "vontade política". 

Antes disso, Piraju precisa de objetivos claros, metas alcançáveis, projetos sustentáveis embasados em sua vocação natural para o turismo. O turismo tem de deixar de ser apenas um título e ser, de fato, uma força para o crescimento real da cidade e seu povo. E, claro, Piraju precisa de ação. Muita ação!

Fernando Franco 
Biólogo 
Presidente da Organização Ambiental Teyque'-pe' - OAT

Foto: Arquivo pessoal