Presidente da OAT repudia usina em reunião com barrageiros



Reunião realizada no dia 18/01/2012 no gabinete do prefeito de Piraju, Francisco Rodrigues (PP) com a presença de vereadores, diretores municipais, imprensa (rádios e jornais), ambientalistas e Ricardo Pigatto, presidente da empresa que quer destruir o último trecho vivo do Rio Paranapanema, no Estado de São Paulo.

CHEGA DE USINA EM PIRAJU!

São Sebastião: protetor do rio Paranapanema!



No último dia 20 de janeiro, Piraju comemorou 132 anos de emancipação política e 151 anos da Festa do Padroeiro São Sebastião. A história de Piraju, antigamente chamada de São Sebastião do Tijuco Preto, é muito interessante. Piraju teve energia elétrica antes da cidade do Rio de Janeiro-RJ e aboliu os escravos antes da promulgação da Lei Áurea. Como se pode notar, a cidade foi povoada por pessoas progressistas e corajosas, antecipando-se em questões políticas e sociais em que o Brasil ainda estava engatinhando.

Talvez muitos fiéis não saibam, mas a imagem de São Sebastião, hoje na Igreja Matriz da cidade foi encontrada com os primeiros índios da etnia guarani que habitavam as imediações do Salto Piraju (conhecido popularmente como Garganta do Diabo, ou apenas Garganta), localizado no Parque da Feira do Café de Piraju (FECAPI), cuja área é reconhecida como a certidão de nascimento do município, com suas águas lóticas e porções rochosos de basalto.

Após longa negociação com os índios, os primeiros colonizadores das famílias Arruda, Faustino e Graciano, conseguiram obter a imagem para instalar na primeira capela do então povoado de São Sebastião do Tijuco Preto. Entalhada em madeira extremamente densa (dura), a imagem é um importante fator de união na comunidade católica pirajuense, que há 151 anos comemora o feito. Atualmente a Procissão Fluvial e a Missa Campal são o ponto culminante dos festejos que reúnem milhares de fiéis que ficam às margens do rio Paranapanema, aguardando a chegada da imagem na Praça da Brasilinha e, depois, sobem as ruas da cidade em direção da Igreja Matriz, onde é realizada a Santa Missa e a grandiosa quermesse, com guloseimas típicas, apresentações musicais e distribuição gratuita das fitas coloridas (lembrança) em homenagem ao santo padroeiro.

Piraju quer dizer na língua indígena "peixe dourado ou amarelo" numa clara referência aos cardumes da espécie de peixe conhecida como Dourado (Salminus maxillosus) que tem as corredeiras do rio Paranapanema como seu habitat. Se a população pirajuense permitir a destruição das corredeiras para que empresas gananciosas façam mais uma usina hidrelétrica (já sofremos o impacto de quatro delas), não só o Dourado irá desaparecer de nossas águas, mas com ele irá desaparecer também o Surubim de Piraju, espécie pré-histórica e rara de peixe de couro datado inicialmente com 15 milhões de anos.

A Organização Ambiental Teyquê-pê faz um apelo a toda comunidade religiosa de Piraju:

NÃO PERMITAM A DESTRUIÇÃO DO NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO AMBIENTAL, HISTÓRICO E CULTURAL. A NOSSA IDENTIDADE CORRE PERIGO. "UM POVO SEM MEIO AMBIENTE, SEM HISTÓRIA, É UM POVO SEM PRESENTE E SEM FUTURO! CHEGA DE USINA EM PIRAJU! QUE TODOS CRISTÃOS SE IRMANEM CONOSCO NESTA LUTA E PARTICIPEM DE REUNIÃO NA CÂMARA DE VEREADORES DE PIRAJU, DIA 27/01, SEXTA-FEIRA, ÀS 15H00, ONDE VAMOS DIZER NÃO A ESTE CRIME AMBIENTAL QUE QUEREM FAZER EM NOSSA CIDADE" 










Legendas:

Imagem de São Sebastião, padroeiro de Piraju durante a procissão
Milhares de fiéis oram e participam da procissão nas ruas de Piraju
Procissão Fluvial no Rio Paranapanema: exemplo de fé e religiosidade
Missa Campal: fiéis se reúnem para ouvir a preleção do líder católico e louvar a São Sebastião
Fotos: Fernando Franco
Texto: OAT

Proposta de nova usina em Piraju é recusada

ENTENDA O CASO - Na quarta-feira, 18, no gabinete do prefeito Francisco Rodrigues, a EC Brasil protagonizou uma cena patética e irresponsável ao apresentar ao prefeito, aos vereadores, diretores municipais, ambientalistas e órgãos de imprensa, um pequeno vídeo em que oferece uma contrapartida pífia e irrisória à população, a troco de colocar debaixo d´água (inundar mesmo)o Parque da Festa do Café de Piraju (FECAPI), o Parque do Dourado (Unidade de Conservação de Proteção Integral), o Salto Piraju (Garganta do Diabo), e as corredeiras que são patrimônio ambiental, histórico e cultural do povo pirajuense. O gabinete do senhor prefeito foi pequeno para tanto questionamento que foi despejado no senhor Ricardo Pigatto, da EC Brasil. Com ar irônico e sorriso amarelo, o empreendedor supostamente admitiu de público que seu projeto de contrapartida (pista artificial de slalom) é uma proposta para que os vereadores de Piraju revisem, ou seja, revoguem as leis que protegem o rio, numa clara afronta à legislação em vigor e à vontade da população pirajuense emanada nas leis. Pigatto e seus assessores e apoiadores foram duramente criticados durante a discussão no gabinete do prefeito e o senhor Pigatto foi declarado "mau vindo" (sic) na cidade. Na reunião o presidente da OAT destacou que a pista artificial de slalom ofertada para destruir o rio nada traz de benefícios para a cidade e lembrou da herança maldita e dos grandes problemas sócio-ambientais deixados pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), antes, durante e depois da construção da última usina. O presidente da OAT fez questão de relembrar que a EC Brasil invadiu o Parque do Dourado e que a empresa desrespeitou a leis e o povo. "Não entendo a insistência de vocês aqui, já que o prefeito já se declarou contrário à usina; os vereadores se manifestaram contrários ao barramento e a população não quer mais usina em Piraju", enfatizou o presidente da Teyquê-pê. Para o presidente da OAT, mais lamentável que a postura irônica e capitalista do senhor Pigatto, foi a posição de João Tomasini Schwertner, atual presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), sendo favorável a destruição do trecho vivo de corredeiras do rio Paranapanema em Piraju, local que é considerado uma das melhores pistas naturais para a prática da canoagem slalom e que já foi sede treinos da Seleção Brasileira de Canoagem Slalom. “Fazia muito tempo que não assistia uma competição de canoagem de tão alto nível, realizado em uma pista realmente muito difícil para qualquer canoísta de Canoagem Slalom. Não bastassem as dificuldades técnicas da pista, que acabou abrilhantando o evento, a Comissão Organizadora foi muito feliz em todas as suas ações, realmente saio daqui impressionado com a organização e eficiência da Secretaria de Turismo da Estância Turística de Piraju” – disse o Presidente da Confederação Brasileira de Canoagem, João Tomasini Schwertner (texto publicado originalmente no site da http://www.cbca.org.br, dia 18 de dezembro de 2011). Ao sair do prédio da Prefeitura, Ricardo Pigatto, João Tomasini Schwertner e Elianinha Carneiro, que representou o Diretor de Turismo de Piraju, Gervásio Pozza, foram vaiados pelo público que, portando cartazes contra o barramento, gritavam frases de efeito como "Chega de usina na cidade, não vão tirar a nossa identidade". Segundo o presidente da Teyquê-pê, parafraseando um assessor de Pigatto, "a vanguarda do atraso é justamente a EC Brasil, que não respeitou o povo de Piraju. Quem tem de decidir sobre nosso futuro, o que é bom ou não para nossa vida é a população pirajuense, que já se decidiu pela preservação do rio e, não forasteiros que aqui vêm apenas em busca de dinheiro fácil. Estamos com o saco cheio de usinas!", declarou o ambientalista. Texto e fotos: Organização Ambiental Teyquê-pê (OAT) Legenda: O prefeito Francisco Rodrigues, que é contra a construção de usina, durante reunião em seu gabinete Mais informações na página http://www.facebook.com/chegadeusina





ONGs se unem em defesa do rio Paranapanema

Assembléia na sede da Organização Ambiental Teyquê-pê (OAT), 21/01, contou com a participação de ambientalistas e representantes das Organizações Não Governamentais (ONGs) que lutam em defesa do meio ambiente de Piraju. Com uma Ordem do Dia bem definida mediante os últimos acontecimentos protagonizados pela ação inescrupulosa da empresa gaúcha EC Brasil, que quer destruir o último trecho de calha natural do rio Paranapanema em Piraju, no Estado de São Paulo, a assembléia deliberou uma série de ações deflagadas no âmbito do Movimento "Chega de usina em Piraju!". Marcaram presença na reunião as ONGs Rio do Peixe Amarelo, Associação de Defesa da Qualidade de Vida de Piraju(ADEVIDA) e Transparência Piraju (TRANSPIRA), que reafirmaram seu compromisso CONTRA a construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) no trecho vivo do rio Paranapanema, que é protegido por farta legislação em vigor. No mesmo momento em que a reunião acontecia na sede da OAT, ambientalistas falavam ao vivo em programa da Rádio Paranapanema e na Praça Ataliba Leonel, onde acontecia o Movimento Piraju em Defesa da Vida, organizado e realizado por fiéis da Igreja Presbiteriana Independente da cidade, evento que contou com grande presença do público. Na Rádio Paranapanema, a população foi chamada a participar de reunião na Câmara de Vereadores no próximo dia 27 de janeiro, às 15h00, ocasião em que o povo, mais uma vez, vai dizer CHEGA DE USINA EM PIRAJU e vai solicitar, gentilmente ou não, que a empresa vá fazer usina no Estado do Rio Grande do Sul ou em outro local qualquer do planeta, menos aqui. Texto e foto: Organização Ambiental Teyquê-pê (OAT) Legenda: Manifestantes gritam palavras de ordem em frente a Prefeitura durante encontro com usineiros

NÃO SE ENGANEM

Sou totalmente contra e conheço muito bem nessa área. O que passa é que a população mal está informada e pelo que vejo a contribuição para o município é muito pífia em relação aos KWH que serão gerados e vendidos no Mercado de Energia, no melhor momento de preços. No Project Finance dos investidores, muito pouca coisa está destinada ao município. 
Não se enganem os munícipes ou se iludam com acenos de pequenas coisas. Esse Rio vale muito mais do que possam sonhar!Pouca coisa é oferecida além dos Royalties obrigatórios, que serão consumidos com pequenos aumentos do custo do município, por exemplo e entre outros, da folha de pagamento dos eleitos...
A analogia que mais se aproxima a isso relaciona-se à conquista de índios que trocam ouro por espelhos, diameantes por facões e armas...
Deverão ser rediscutidas todas as condicionantes e existem leis que não podem mudar ao sabor dos interesses imediatistas.
Sei muito bem o que causa a construção de uma aproveitamento hidrelétrico e também conheço bem como é vendida a idéia de que isso é bom para o município.
Assim, no caso em pauta, SOU CONTRA, pois se no mínimo a população não debater de forma transparente, ficará a dúvida de entregar um patrimônio de todos em prol de investimentos que jamais terão compartilhados seus benefícios com o município!

Colaboração de Marco Antonio Pereira, via facebook.

PESSOA VIL

Piraju não quer mais usina hidrelétrica no Rio Paranapanema!

ECBrasil.... um grupo de EMPREENDEDORES do estado do RIO GRANDE DO SUL, criado em 2009 "por por acreditar no alto potencial de geração de energia elétrica limpa e sustentável do Brasil".
Ironicamente li essa frase no site da empresa. A ECBrasil é só mais um grupo de empreendedores que precisam construir obras atrás de obras, para garantir o giro de capital e lucro para a empresa, sem se preocupar como, quando e onde. Não sei quais os argumentos que usaram para que a ANEEL autorizasse o Projeto Básico de PCH, usar as palavras "desenvolvimento sustentável" sempre funciona... Sim, está na MODA falar sobre o tal "desenvolvimento sustentável", "preservação do meio ambiente", mas cá pra nós, essas palavras só são mencionadas porque empreendimentos como esse tem a OBRIGAÇÃO LEGAL de respeitar as premissas do Código Florestal (embora até este esteja me decepcionando). Essa discussão já se tornou massante para todos nós, e o próprio município tem todos os precedentes legais para barrar esse projeto. A autorização concedida pela ANEEL foi totalmente desrespeitosa e ainda me pergunto, por que razão autorizariam? O FATO ÓBVIO É QUE NÃO HÁ RAZÃO NENHUMA PARA A CONSTRUÇÃO DE MAIS UMA USINA, O MUNICÍPIO NÃO PRECISA, A POPULAÇÃO NÃO TEM NADA A GANHAR, E AINDA QUE O POTENCIAL ENERGÉTICO DA SUPOSTA USINA SEJA PEQUENO, QUEM REALMENTE VAI SER BENEFICIADO É A ECBrasil, QUE VAI GERAR INÚMEROS IMPACTOS AMBIENTAIS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA USINA INSIGNIFICANTE, QUE AINDA QUE SEJA PEQUENA VAI GERAR LUCRO E MAIS LUCRO... PARA A ECBRASIL É CLARO!

Colaboração: Ritinha de Cássia, via Facebook do Chega.

Povoamento do vale do Paranapanema: 8.000 anos

Por Adriana Garrote

Nossa região iniciou o povoamento há cerca de 8.000 anos, por nômades vindos da Patagônia (Argentina), que viviam da exploração da floresta, pela manufatura de artefatos da pedra lascada. Os estudos dos sítios arqueológicos revelam a presença dos Guarani em 500 e 1.030 anos, e dos Umbu com 2.500 a 5.000 anos atrás. A reconstituição do modo de vida, tanto dos Umbu quanto dos índios Guarani, pode ser estudada através do rigor na descrição das disposições das peças encontradas durante as escavações, o que determina seu modo de vida, seus hábitos e costumes.

Nossa bacia do Paranapanema possui grande riqueza arqueológica porque tivemos uma ocupação muito intensa e antiga. Os Umbu eram caçadores-coletores nômades, que viviam logo acima do rio, em terraços. Agrupavam-se em bandos de 20 a 30 pessoas, utilizando a floresta para sua sobrevivência, na coleta de vegetais, caça e pesca. No vale do Paranapanema encontraram clima agradável e boa alimentação. Desapareceram com a chegada dos Guarani (ZOCCHI 2002, p.57).

Os Guarani trouxeram ao vale a cultura do milho, da mandioca e das ervas medicinais. Eles dominavam o polimento da pedra e tinham o costume de construir aldeias nas colinas. Possuíam habitações, utilizavam grande quantidade de cerâmica e enterravam seus mortos em urnas funerárias. Eram mais avançados do que os Umbu.

Todo esse passado é revelado através do estudo de sítios arqueológicos que existem em abundância em nosso município. Os estudos foram iniciados em 1969, quando localizaram uma urna funerária pertencente aos Guarani. Estas culturas extintas são possíveis de ser conhecidas pela população devido ao trabalho de pesquisa da Associação Projeto Paranapanema, a Projpar, que é liderada pelo professor livre-docente em arqueologia brasileira pela USP, José Luiz de Morais. O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE/USP tem cadastrados todos os sítios arqueológicos identificados na região.

A equipe de arqueologia é guiada pela tonalidade no solo, pelos vestígios, restos de comida, utensílios quebrados, cacos de cerâmica, onde é considerado o rigor na disposição das peças, a profundidade em que é localizado o sinal da presença dessas culturas antigas. As peças encontradas são analisadas por vários anos, e possibilitarão reconstituir o modo de vida da extinta cultura.

Piraju é tão fértil para a Arqueologia que, em um único trecho de terra, são encontrados quatro vestígios diferentes sobrepostos. Na superfície existem sinais da presença dos Guarani há 500 anos. No segundo sítio, mais abaixo, as marcas de outros Guarani, com 1.030 anos. No terceiro, aparece um sítio Umbu de 2.500 anos, e surge na outra camada, mais abaixo, novo vestígio dos Umbu, comprovando 5.000 anos de história local, conforme descrito por Zocchi (2002).

Toda essa riqueza histórica e cultural pode vir a se perder caso seja destruído nosso último trecho vivo de rio. Com o alagamento, o acesso aos sítios para estudos e visitação pública será impossibilitado. E assim, perdendo nosso passado e nossa identidade, somos jogados no mercado globalizado. Sem referência própria, não nos restarão muitas chances de desenvolvimento. Sem identidade, perderemos a noção de pertencimento.

Contato: adrianagarrote@ig.com.br

Queremos saber!

Por Adriana Garrote
contato: adrianagarrote@ig.com.br

“Olá, professora Adriana!

Somos alunos do quarto ano B, gostamos muito dos seus textos.

Fizemos uma entrevista com pessoas que são a favor e contra a construção de mais uma usina hidrelétrica em Piraju. Gostaríamos de saber se a construção de mais uma usina irá gerar empregos para a cidade. Pois foi esta a justificativa da maioria das pessoas favoráveis”.


Pessoal, que alegria!

É uma grande honra receber um e-mail de vocês. Obrigada pelo carinho, atenção e disposição em ler meus artigos. Sei que, às vezes, eles são extensos e meio complexos, porém, gostaria que vocês soubessem que estes artigos fazem parte do meu TCC (trabalho de conclusão de curso) quando me formei em pedagogia, em 2005.

Essa pesquisa durou quase um ano, e foi através dela que descobri muitas coisas das quais procurei informar e alertar nossa comunidade. Acredito que o trabalho científico deve valer para nossa vida, é somente assim que ele faz sentido, quando pode auxiliar, de alguma forma, a vida da comunidade. E sabendo que nem todos têm acesso a essas leituras mais técnicas e específicas, procurei, então, escrever essas informações pesquisadas em forma de artigos de opinião, e o jornal Observador, gentilmente, nos cede esse espaço para publicação. Agradeço muito ao pessoal do jornal, principalmente, ao diretor Paulo Sara, que acredita na importância da informação.

O propósito destes artigos é justamente esse, uma discussão com a comunidade sobre nossos ganhos e perdas. E que bacana descobrir que são vocês, professora e alunos, que estão iniciando esse debate tão importante para nosso futuro – nunca podemos esquecer que o que está em jogo é o nosso futuro.

Estou muito feliz com o trabalho da professora Andréia e de todos vocês, crianças. De saber que existem pessoas preocupadas com o destino de nossa comunidade e que querem saber a verdade. E que estão procurando debater questões que realmente afetam nossa vida.

A ideia de realizarem uma entrevista para saber sobre o posicionamento das pessoas, se são a favor da preservação ou da usina, foi excelente!

A justificativa de que hidrelétrica traz progresso, desenvolvimento e emprego para Piraju já não se sustenta mais. Esse conceito se formou no século passado, quando se acreditava que Piraju iria “decolar” rumo ao desenvolvimento, haveria emprego para o nosso povo. Já existem em Piraju vários empreendimentos hidroelétricos e hoje sabemos que quase toda a mão de obra utilizada na construção da barragem vem de fora. E quando entra em funcionamento, a usina requer poucos profissionais especializados, em sua maioria, também vindos de outras localidades. E, com o avanço da informatização, a necessidade de trabalhadores é cada vez menor.

Em minha pesquisa, houve uma análise sobre o estudo realizado em Salto Grande, onde está comprovado que a usina não só não traz desenvolvimento, nem emprego, nem renda, como provoca a estagnação econômica e social do município.

Já com o turismo ecológico, emprego e renda são benefícios reais e duradouros. Temos como exemplo a cidade de Brotas-SP, onde habitam 21 mil habitantes, que recebem, por ano, 140 mil turistas. E, assim, se faz necessário muitas pessoas trabalhando nas mais diversas áreas, como: hotéis, pousadas, restaurantes, bares e lanchonetes, supermercados, guias de trilhas, empresas especializadas em esportes radicais, que aproveitam nossas corredeiras e não pensam, de forma alguma, em eliminá-las para sempre.

Essa atividade, sim, gera empregos e renda para nossa família pirajuense.