São Sebastião: protetor do rio Paranapanema!



No último dia 20 de janeiro, Piraju comemorou 132 anos de emancipação política e 151 anos da Festa do Padroeiro São Sebastião. A história de Piraju, antigamente chamada de São Sebastião do Tijuco Preto, é muito interessante. Piraju teve energia elétrica antes da cidade do Rio de Janeiro-RJ e aboliu os escravos antes da promulgação da Lei Áurea. Como se pode notar, a cidade foi povoada por pessoas progressistas e corajosas, antecipando-se em questões políticas e sociais em que o Brasil ainda estava engatinhando.

Talvez muitos fiéis não saibam, mas a imagem de São Sebastião, hoje na Igreja Matriz da cidade foi encontrada com os primeiros índios da etnia guarani que habitavam as imediações do Salto Piraju (conhecido popularmente como Garganta do Diabo, ou apenas Garganta), localizado no Parque da Feira do Café de Piraju (FECAPI), cuja área é reconhecida como a certidão de nascimento do município, com suas águas lóticas e porções rochosos de basalto.

Após longa negociação com os índios, os primeiros colonizadores das famílias Arruda, Faustino e Graciano, conseguiram obter a imagem para instalar na primeira capela do então povoado de São Sebastião do Tijuco Preto. Entalhada em madeira extremamente densa (dura), a imagem é um importante fator de união na comunidade católica pirajuense, que há 151 anos comemora o feito. Atualmente a Procissão Fluvial e a Missa Campal são o ponto culminante dos festejos que reúnem milhares de fiéis que ficam às margens do rio Paranapanema, aguardando a chegada da imagem na Praça da Brasilinha e, depois, sobem as ruas da cidade em direção da Igreja Matriz, onde é realizada a Santa Missa e a grandiosa quermesse, com guloseimas típicas, apresentações musicais e distribuição gratuita das fitas coloridas (lembrança) em homenagem ao santo padroeiro.

Piraju quer dizer na língua indígena "peixe dourado ou amarelo" numa clara referência aos cardumes da espécie de peixe conhecida como Dourado (Salminus maxillosus) que tem as corredeiras do rio Paranapanema como seu habitat. Se a população pirajuense permitir a destruição das corredeiras para que empresas gananciosas façam mais uma usina hidrelétrica (já sofremos o impacto de quatro delas), não só o Dourado irá desaparecer de nossas águas, mas com ele irá desaparecer também o Surubim de Piraju, espécie pré-histórica e rara de peixe de couro datado inicialmente com 15 milhões de anos.

A Organização Ambiental Teyquê-pê faz um apelo a toda comunidade religiosa de Piraju:

NÃO PERMITAM A DESTRUIÇÃO DO NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO AMBIENTAL, HISTÓRICO E CULTURAL. A NOSSA IDENTIDADE CORRE PERIGO. "UM POVO SEM MEIO AMBIENTE, SEM HISTÓRIA, É UM POVO SEM PRESENTE E SEM FUTURO! CHEGA DE USINA EM PIRAJU! QUE TODOS CRISTÃOS SE IRMANEM CONOSCO NESTA LUTA E PARTICIPEM DE REUNIÃO NA CÂMARA DE VEREADORES DE PIRAJU, DIA 27/01, SEXTA-FEIRA, ÀS 15H00, ONDE VAMOS DIZER NÃO A ESTE CRIME AMBIENTAL QUE QUEREM FAZER EM NOSSA CIDADE" 










Legendas:

Imagem de São Sebastião, padroeiro de Piraju durante a procissão
Milhares de fiéis oram e participam da procissão nas ruas de Piraju
Procissão Fluvial no Rio Paranapanema: exemplo de fé e religiosidade
Missa Campal: fiéis se reúnem para ouvir a preleção do líder católico e louvar a São Sebastião
Fotos: Fernando Franco
Texto: OAT

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