Por Adriana Garrote
contato: adrianagarrote@ig.com.br
“Olá, professora Adriana!
Somos alunos do quarto ano B, gostamos muito dos seus textos.
Fizemos uma entrevista com pessoas que são a favor e contra a construção de mais uma usina hidrelétrica em Piraju. Gostaríamos de saber se a construção de mais uma usina irá gerar empregos para a cidade. Pois foi esta a justificativa da maioria das pessoas favoráveis”.
Pessoal, que alegria!
É uma grande honra receber um e-mail de vocês. Obrigada pelo carinho, atenção e disposição em ler meus artigos. Sei que, às vezes, eles são extensos e meio complexos, porém, gostaria que vocês soubessem que estes artigos fazem parte do meu TCC (trabalho de conclusão de curso) quando me formei em pedagogia, em 2005.
Essa pesquisa durou quase um ano, e foi através dela que descobri muitas coisas das quais procurei informar e alertar nossa comunidade. Acredito que o trabalho científico deve valer para nossa vida, é somente assim que ele faz sentido, quando pode auxiliar, de alguma forma, a vida da comunidade. E sabendo que nem todos têm acesso a essas leituras mais técnicas e específicas, procurei, então, escrever essas informações pesquisadas em forma de artigos de opinião, e o jornal Observador, gentilmente, nos cede esse espaço para publicação. Agradeço muito ao pessoal do jornal, principalmente, ao diretor Paulo Sara, que acredita na importância da informação.
O propósito destes artigos é justamente esse, uma discussão com a comunidade sobre nossos ganhos e perdas. E que bacana descobrir que são vocês, professora e alunos, que estão iniciando esse debate tão importante para nosso futuro – nunca podemos esquecer que o que está em jogo é o nosso futuro.
Estou muito feliz com o trabalho da professora Andréia e de todos vocês, crianças. De saber que existem pessoas preocupadas com o destino de nossa comunidade e que querem saber a verdade. E que estão procurando debater questões que realmente afetam nossa vida.
A ideia de realizarem uma entrevista para saber sobre o posicionamento das pessoas, se são a favor da preservação ou da usina, foi excelente!
A justificativa de que hidrelétrica traz progresso, desenvolvimento e emprego para Piraju já não se sustenta mais. Esse conceito se formou no século passado, quando se acreditava que Piraju iria “decolar” rumo ao desenvolvimento, haveria emprego para o nosso povo. Já existem em Piraju vários empreendimentos hidroelétricos e hoje sabemos que quase toda a mão de obra utilizada na construção da barragem vem de fora. E quando entra em funcionamento, a usina requer poucos profissionais especializados, em sua maioria, também vindos de outras localidades. E, com o avanço da informatização, a necessidade de trabalhadores é cada vez menor.
Em minha pesquisa, houve uma análise sobre o estudo realizado em Salto Grande, onde está comprovado que a usina não só não traz desenvolvimento, nem emprego, nem renda, como provoca a estagnação econômica e social do município.
Já com o turismo ecológico, emprego e renda são benefícios reais e duradouros. Temos como exemplo a cidade de Brotas-SP, onde habitam 21 mil habitantes, que recebem, por ano, 140 mil turistas. E, assim, se faz necessário muitas pessoas trabalhando nas mais diversas áreas, como: hotéis, pousadas, restaurantes, bares e lanchonetes, supermercados, guias de trilhas, empresas especializadas em esportes radicais, que aproveitam nossas corredeiras e não pensam, de forma alguma, em eliminá-las para sempre.
Essa atividade, sim, gera empregos e renda para nossa família pirajuense.
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