“O mundo não é, o mundo está sendo” (Paulo Freire)
A aplicação prática de minha pesquisa foi realizada entre 8 e 22 de agosto de 2005, na Escola Estadual “Ataliba Leonel”, com adolescentes (12 anos) de 6ª série. O trabalho pretendeu colaborar para que fossem estabelecidos os alicerces de cidadania, e despertados o interesse e a preocupação com os destinos da comunidade.
Para discorrer sobre a aplicação e o resultado, tomamos uma amostragem de 10 alunos. Ficou evidente na apuração das questões de educação ambiental que todos conhecem o funcionamento de uma usina, citam represa, gerador, turbina e a força das águas nesse processo de produção da energia elétrica, mas, ao mesmo tempo, apresentam um total desconhecimento de suas consequências para a localidade.
Durante a apresentação do vídeo, os alunos ficaram atônitos diante das imagens mostradas. O que mais espantou foi, principalmente, o trecho em que havia uma grande quantidade de árvores boiando e fermentando, mostrando o descaso na construção e funcionamento da usina, em 2003.
Pelo resultado apresentado nas redações, pudemos observar diversas conclusões: que Piraju já possui usinas demais, que queremos pelo menos este trecho vivo de rio para nós e para as gerações futuras, para que seja implementado o turismo, e que todos possam ser beneficiados. Não ao detrimento de muitos (que são os moradores da cidade) para o lucro de apenas um grupo econômico. Numa das redações, a aluna trata a questão com argumentos como “deve ser proibido, por excesso de usinas”.
Sobre a água, os alunos ficaram estarrecidos com a questão da quantidade de lixo e esgotos que vão parar nos rios. Alguns pensam que jogar o lixo no chão ou colocá-lo de qualquer maneira na rua não significa o mesmo que atirá-lo diretamente no rio. Em nossa cidade existem vários moradores que infelizmente jogam seu lixo nos bueiros, queimam ou colocam tudo misturado (o que acarreta a proliferação da população de ratos na cidade, que causam a leishmaniose).
A aula final, e de encerramento do projeto, foi na Fecapi, no Salto do Piraju, com nossa aula/passeio. As atividades foram realizadas ao ar livre, sobre o basalto da margem do rio. A grande maioria não conhecia o local, e dos trinta e sete alunos, apenas um havia estado ali para assistir ao Campeonato Paulista de Slalom (esporte de corredeiras), realizado em seis de agosto.
No local foi tratado sobre as origens do vale do Paranapanema e da nossa cidade. Ao retornarmos para a sala de aula, enfatizamos que o destino de nossa comunidade está sendo discutido, e que está em nossas mãos, em nossas consciências e atitudes como se dará o desenvolvimento sustentável que iremos legar aos que virão depois, ou seja, aos nossos filhos e netos.
Com a necessidade imperante de se preservar e conservar nosso patrimônio ambiental, cultural e histórico, ficou claro que, apesar de não ter sido possível abranger toda a problemática da educação ambiental, o objetivo primordial, que representa a preocupação e conscientização com o destino do último trecho natural do rio em nosso município, foi alcançado.
Nestes textos é possível constatar a importância percebida por eles de como lidar com o ambiente à nossa volta e, principalmente, com o destino final de uma área tão vital, dos cuidados com a água, com a mata, os animais e a saúde da população. Nas redações sobressaem as manifestações de consciência política, cidadã, consciência de que aqui é o nosso lar, da preocupação com o futuro dos filhos e netos, com o desmatamento, com a morte dos animais aquáticos e terrestres, de que o rio é o principal orgulho de nossa cidade, o principal astro do turismo, e de que querem eles mesmos decidir seus futuros.
Por: Adriana Garrote Paschoarelli
contato: adrianagarrote@ig.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário