Rio de águas intrépidas e velozes

Por Adriana Garrote Paschoarelli.
Contato: adrianagarrote@ig.com.br

O rio Paranapanema possui várias nascentes que estão localizadas na Bacia do rio das Almas, na Serra do Paranapiacaba, município de Capão Bonito, a 903 metros de altitude, ao sudeste do estado de São Paulo.

Desenvolve-se no sentido leste-oeste com destino ao rio Paraná. Apresenta extensão de 929 km em desnível de 570 metros. Sua localização é de 100 km da costa Atlântica e situa-se a 900 metros acima do nível do mar. (VARELLA, 2003, p. 2)

A bacia está localizada dentro da fazenda Guapiara, de propriedade da empresa Orsa Celulose Papel e Embalagens, numa área de 2.884 hectares, sendo 1.229 hectares de reflorestamento. “Essas terras integram a APA (Área de Proteção Ambiental) da Serra do Mar, e a mata nativa não pode mais ser tocada”. (ZOCCHI, 2002, p. 17).

Nascente das maiores águas, sua declividade é grande e ele corre rápido sobre as pedras negras, cortando formações basálticas e solo de terra roxa. Existe mistério até em seu nome. Paraná significa rio, em Tupi, e Panema é considerado imprestável ou sem valor. “Paranapane”, ou “Parana Pane”, “Pabaquario” e “Paraquario” são alguns dos nomes pelos quais era conhecido nos anos de 1600.

A questão referente ao seu nome permanece aberta, pois não foi ainda realizado qualquer “sério estudo etimológico”. Por enquanto, apenas especulações: para alguns, seu sufixo negativo é devido à pouca navegabilidade (porém, os índios mais caminhavam). Há também a questão da pouca quantidade de peixes (será que os índios comparavam rios tão longínquos?). É possível que a malária tenha feito sua (fama) rota, segundo o doutor José Luiz de Morais, conforme descrito por Zocchi (2002).

Na enciclopédia “Brasil histórias, costumes e lendas”, editora Três, página 232, onde é focado o homem da Amazônia, com o título “O mundo Mágico”, é citado “... A mente do homem se povoa de panema (medo)...”. Segundo essa interpretação, ‘panema’ significa ‘medo’ na língua indígena, podendo ser um dos possíveis significados, devido à rapidez com que suas águas deslizavam sobre o basalto e também pelas inúmeras cachoeiras e corredeiras que permeavam todo o leito.

Segundo Zocchi (2002), além de ser rápido, era considerado um “rio bravo” quando chovia. Aspiravam “domá-lo, estudar a sua navegabilidade”, pois até 1886 era citado no mapa do Estado como lugar de “terrenos desconhecidos e habitados pelos indígenas”. Foi quando, na época, o governo da Província de São Paulo criou a Comissão Geográfica e Geológica, que pretendia mapear todo o rio, pois objetivava a “expansão das lavouras de café”. A expedição foi iniciada em 11 de abril de 1886 e, chefiada pelo americano Orville Derby, contou com 18 práticos e três cientistas, liderados por Teodoro Sampaio.

Hoje, após 125 anos, o rio Paranapanema encontra-se quase que totalmente “domado”. Seus sucessivos lagos nos remetem a uma nova mudança: lagoão Paranapanema? Ou, se preferirmos, Rio vivo...viva, Rio!

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