Ambiente: por que não conseguimos ver?


O homem modifica seu meio de modo degradado, em razão da falta de aplicação de uma política ambiental efetiva, ou seja, a lei existe, mas não é cumprida. O que há, ainda, é uma política de que o homem é o centro do mundo (antropocêntrica), e, portanto, utiliza o ambiente de modo impensado, irrefletido, visando apenas às suas necessidades momentâneas. (DIAS, 2001, p. 215).

É preciso rever nosso modo de vida em relação ao planeta Terra, na relação com o lugar em que vivemos. É preciso uma verdadeira mudança nos hábitos e costumes, na maneira como lidamos com o que é patrimônio básico para a vida humana: a água, a terra, o ar. Temos de repensar a atitude para com tudo o que nos rodeia. Há que se frear essa maneira "inconsequente" de viver, agimos como se fôssemos a última geração a passar pelo planeta, sem respeito, cuidado ou zelo para com o que existe à nossa volta. É imperioso que reflitamos sobre nossos atos e atitudes diante da vida. Vivemos sem responsabilidades para com o mundo. (PARÂMETROS, 1998, p. 176-177).

O sistema sob o qual vivemos determina nossos anseios em relação às nossas reais necessidades. Impõem-nos um modelo de vida de forma a não termos tempo para tantas reflexões e, muitas vezes, acabamos por agir sem questionar. Expressamos nossos pensamentos sem muita certeza do que realmente nos importa. E, por esse caminho, somos levados a consumir de maneira desenfreada, irrefletida, apenas para satisfazer nossos impulsos condicionados, que movimentam tantos interesses. É visto que neste modelo de desenvolvimento a energia elétrica é, sem dúvida, um dos principais alicerces, por isso, não é de hoje que convivemos com as pressões pela necessidade de geração de energia elétrica.

Alegar a crescente demanda para justificar a construção da usina que selará para sempre nossos anseios de um crescimento pautado por nós, escolhido pela nossa sociedade, não se sustenta, pois o problema energético no Brasil é muito mais profundo, e suas dimensões ultrapassam em muito a parcela que seria acrescentada. Já em perdas ambientais, históricas, de memória, culturais e do nosso futuro sustentável, essas são irreparáveis, simplesmente não possuem um valor que possa ser negociado, vide as lições do chefe Seattle: ... como é que pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Como diz o ‘alerta dos cientistas do mundo à sociedade’, com as assinaturas de 1.600 cientistas em 18 de novembro de 1992: se quisermos parar a destruição do meio ambiente, devemos impor limites a esse crescimento... ( ) Devemos reconhecer a capacidade limitada da Terra em sustentar a espécie humana. Devemos reconhecer a sua fragilidade... ( ) (DIAS, 2001, p. 381) .

O Brasil está sofrendo um dos momentos de maior degradação ambiental, algo jamais visto. E é preocupante, pois não há como reverter esse processo para se tentar não oferecer às gerações futuras um país totalmente destruído. A degradação está em todas as áreas. É imperante que se volte às questões do meio ambiente. O consumismo está em seu pico e, com esse consumo exagerado, não há como o ambiente se renovar. É necessário refletir em todos os momentos e verificar quando realmente é preciso comprar. (CORREIA – site O Eco, 2005).

É preciso pensar que existimos através de um corpo físico, em um planeta também físico, e desconsiderá-lo é negar a nossa própria existência. A definição mundial é que não basta desenvolvimento, é preciso conservação e preservação da natureza, não somente por nós, mas para os que virão depois de nós.

Adriana Garrote Paschoarelli, pedagoga, integrante da OAT

Foto: Fernandinho Franco/OAT

Legenda:
Rio Paranapanema em Piraju: patrimônio ambiental tombado pelo povo

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