O rio Paranapanema tem como data comemorativa o dia 27 de agosto. Ele representa o nosso patrimônio primeiro, nossa cidade se desenvolveu a partir dele. Preservá-lo é determinante para o nosso futuro.
E não somente o futuro turístico depende desse respeito ao rio, mas a garantia de sobrevivência de outras formas de vida, principalmente, as aquáticas. Do ponto de vista da riqueza ecológica, os peixes necessitam das corredeiras para a época da piracema. E sem corredeiras não há desova, e sem desova não haverá mais a piapara, a tabarana, o pacu, a piracanjuba, e o dourado, peixe símbolo de nossa cidade. O Salto do Piraju, a popular Garganta, devido às corredeiras, possui em suas águas esta importante diversidade de peixes. Inclusive o surubim, espécie rara e endêmica — de 15 milhões de anos —, um peixe pré-histórico. Endêmico quer dizer que esta espécie de surubim só existe ali e em nenhum outro lugar do planeta.
Percorrendo nossas corredeiras há 15 milhões de anos, o surubim já consta da lista de animais ameaçados de extinção, ao mesmo tempo em que foi catalogado pela ciência, conforme laudo expedido pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 27 de junho de 2002.
O Museu Nacional acumula registros de ocorrências de peixes brasileiros há mais de um século e, segundo o professor-doutor Paulo Buckup, o surubim está catalogado como MNRJ 22742, e isto evidencia a raridade da sua espécie. O professor afirma, ainda, que Piraju é a única localidade do rio Paranapanema em que esta espécie ocorre. E prossegue: (...) se esse trecho do rio for barrado, o peixe simplesmente será extinto no Paranapanema. Como todas as espécies do gênero, este peixe depende da existência de corredeiras sobre fundo de pedras para sobreviver, de modo que o barramento dos rios causa a sua eliminação, assim como de várias outras espécies de peixes que dependem da existência de corredeiras (...).
O surubim pirajuense é “muito importante” para a ciência. Pertence à família Pimelodidae, ao gênero Steindachneridion, e foi identificado como representante da espécie Steindachneridion scriptum, cuja identificação é de caráter provisório, ‘pois trata-se de material muito raro em coleções ictiológicas’, espécie ainda desconhecida para a ciência. Ele possui a cabeça achatada, como o fundo do rio, nivelado, estreitado. O exemplar foi examinado em 2002 pelo professor Alberto Akama, mestre em Zoologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
No momento, o que esses estudiosos sugerem é a adoção de medidas que visem à conservação deste trecho de corredeira do rio. Se não for possível essa preservação, se o barramento acontecer, ocorrerá a extinção de uma espécie de excepcional valor biológico, antes mesmo de ser completamente descrita pela ciência. (BUCKUP, 2002).
O surubim pirajuense é uma espécie de peixe de couro que se diferencia dos que ocorrem no Pantanal, na Amazônia e no Rio São Francisco – estes pertencem ao gênero Pseudoplatystoma. Possui um colorido reticulado muito bonito no dorso — de onde advém o nome scriptum. A cabeça achatada é indício de que habita o fundo do rio (pois o relevo do Paranapanema é estreito, como um funil). Se parece com um jaú alongado e de cabeça chata. É um dos maiores peixes do rio, e seu porte, quando adulto, pode atingir até um metro de comprimento e mais de quinze quilos. Fósseis desse gênero foram encontrados na região de Tremembé, São Paulo. Sua idade é calculada em 15 milhões de anos, aproximadamente.
Segundo o professor Akama, embora o surubim tenha resistido milhões de anos, hoje o homem é a sua mais séria ameaça, pois esta espécie se encontra extremamente ameaçada de extinção, e as corredeiras estão localizadas em regiões densamente povoadas, onde os rios sofrem com a poluição e, principalmente, são barrados para a produção de energia elétrica.
Fica a pergunta: o que é mais importante preservar, o habitat ou a espécie?
Na realidade, quando conservamos o ambiente natural, todas as espécies ficam protegidas. E mais, conservar o habitat é a única possibilidade de efetivamente se conservar espécies. (ROCHA et al., 2002. p. 255-267).
Adriana Garrote Paschoarelli, ambientalista e pedagoga pirajuense
Como podemos deixar que uma tragédia dessa aconteça com nosso rio. O Surubim já é um patrimônio do único trecho natural do Rio Paranapanema, sem contar que muitas espécies de aves estarão ameaçadas por conta da construção de mais uma Usina. Será que só nós temos que engolir estas usinas. USINA AQUI NUNCA MAIS. CHEGA DE USINA!
ResponderExcluirPesco durante minha vida inteira em nosso rio, e posso dizer que, depois que foi construído a última usina, esse peixe virou raridade em nosso trecho de rio, não sei se a usina foi o motivo, ou mesmo a sua pesca. Mas não seria o caso das usinas repovoarem os rios que elas estão fazendo uso. Vemos muito raramente falar que a duke soltou peixes, mas a CBA nunca fez o mesmo acho que a unica vez que isso foi feito faz uns 25 anos atrás, cadê as autoridades de nossa cidade que se diz tão preocupada com nosso rio, porque não fazem alguma coisa para que a CBA se preocupe mais, pois a mesma já destroiu 2 trechos. Já que ta perdido e o peixe acabando isso seria uma alternativa para o meio ambiente.
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