Diante dos rumores sobre a possível nova usina hidrelétrica de Piraju, acredito que uma contextualização seja cabível. Que tal?
Entrei em contato com o Instituto Vidágua de Bauru, primeiramente, perguntando sobre usinas hidrelétricas nesse momento histórico, já que todo mundo sabe que elas poluem e que a moda são as fontes limpas de energia. A resposta da IvyWiens, segunda vice- presidente do Instituto, foi que hidrelétricas estão super na moda no Brasil, basta observar os processos de licenciamento ambiental que pipocam a torto e a direto na mídia. A colaboradora do Vidágua ressaltou que as usinas devem compensações ambientais e sociais à sociedade: Reflorestamento, portanto, deveria constar no processo.
No caso de Piraju, seria construída um PCH, uma pequena central hidrelétrica, que não teria o impacto de uma obra como Tijuco Alto, Belo Monte ou uma usina do Rio Madeira, mas que também causaria alterações físicas e econômicas.
Pedi ao Ricardo Assaf, presidente da Adevida(Associação de Defesa da Qualidade de Vida e Educação Ambiental de Piraju), que me enviasse alguns arquivos sobre o assunto, e eis que leio no artigo de José Luiz Fernandes Cerveira Filho e de Renato Dardes Barberio que em setembro de 2002, a Câmara de Vereadores aprovou a Lei nº 2.654, que impede que uma usina hidrelétrica seja construída na cidade sem que a anterior tenha completado 20 anos, de modo que as conseqüências ambientais decorrentes desta última possam ser constatadas pela população. Alguém lembra que a CBA errou no cálculo da área alagada pela represa em julho daquele ano?
E foi também em 2002 que o trecho maior natural do Paranapanema em Piraju foi tombado, ou seja, considerado patrimônio público. Represá-lo ali para a construção e uma empresa privada seria, no mínimo, ilegal, além do fato de alguns peixes morrerem, e, sem a corredeira natural do rio, os dejetos que caem no rio ficariam boiando por ali, causando mau cheiro e atraindo mosquitos transmissores de doenças. O surto de febre amarela que enfrentamos em Piraju há dois anos foi decorrência de quê mesmo?
Pior de tudo é que mesmo com o rio tombado e com leis que impedem a construção de uma nova usina, a Prefeitura recebe um novo grupo de empresários interessado no nosso rio. Como mencionou Assaf, a legislação municipal está sendo agredida e os responsáveis por defendê-la estão omissos. Por que aqueles que são favoráveis a uma nova usina não se manifestam abertamente e argumentam defendendo seu ponto de vista? É medo da pressão popular?
Das duas ONG´s em defesa do meio ambiente na cidade, a Adevida e a Teyquê-Ipê, nenhuma promove reuniões ou conferências com a população regularmente, só planejam atuações quando a situação “aperta”. Segundo Assaf, a última ação efetiva da Adevida foi a implantação do programa de coleta de pilhas e baterias em lojas do comércio em levar os coletores às escolas e departamentos públicos.
É a Prefeitura provando que Meio ambiente não é sua prioridade. Turismo também não é, já que não preza pela aparência da cidade nem pelo nosso maior ponto turístico (o rio). Fica no ar: há alguma prioridade nessa gestão?
Por Naomi Corcovia, jornalista pirajuense.
e-mail: naomi4890@hotmail.com
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