Cerca de 97 em cada 100 especialistas apontam as atividades humanas como causas das alterações climáticas |
Quando se fala em alterações climáticas o que não faltam são previsões futuras e
teorias. Mas será que de fato as mudanças existem? O jornal i de Portugal publicou um FAQ (perguntas
frequentes), sobre o assunto, para tirar algumas dúvidas que ainda prevalecem.
Todas as questões foram formuladas por 50 leitores do jornal i
e respondidas por especialistas da Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa.
1. O clima já mudou antes
Verdade. E continuará a mudar de forma natural, já que o clima terrestre
é influenciado por variações da órbita terrestre, variações da posição do eixo
da Terra, flutuações da atividade solar e da atividade vulcânica
(arrefecimento). No entanto, as atividades humanas – por exemplo, as emissões
de gases com efeito de estufa (GEE) e a desflorestamento – são responsáveis por
alterar o balanço radiativo do sistema terrestre e dessa forma têm uma
influência sobre o clima.
2. Não há consenso sobre impacto do homem nas mudanças climáticas
Errado. Há consenso científico e todos os estudos feitos sobre o assunto
nas últimas décadas apontam para valores bem acima dos 90% de concordância
entre os especialistas nas diferentes áreas do ambiente e alterações
climáticas. Cerca de 97 em cada 100 especialistas apontam as atividades humanas
como causas das alterações climáticas. Além do consenso entre cientistas,
existe ainda um consenso nos dados encontrados sobre essa influência.
3. Temperatura e CO2 sobem ao mesmo ritmo
Errado. Dióxido sobe depois. Este ponto é normalmente ilustrado pela
seguinte ideia: durante a saída das últimas eras glaciares o aumento da
concentração de dióxido de carbono (CO2) não antecedeu a subida da
temperatura, mas aparentemente seguiu-se a esta com um intervalo entre 200 e
1000 anos (dados encontrados por cientistas que estudam o clima e as alterações
climáticas). Logo, um aumento do CO2 não poderia ter provocado a
subida das temperaturas.
De fato, quando a Terra sai de uma era glaciar, o aquecimento é iniciado
pelas alterações na órbita terrestre e não pelo aumento inicial do CO2.
Este aquecimento amplifica a liberação natural de CO2 pelos oceanos,
que, por sua vez, amplifica o aquecimento da atmosfera promovendo a mistura
deste gás na atmosfera e a expansão desse aquecimento por todo o planeta. A
estes fenômenos dá–se o nome de retroação positiva. Os mesmos estudos indicam
que cerca de 90% do aquecimento global ocorre após o aumento dos níveis de CO2.
Aliás, esta é uma das razões a qual se sabe que alterar a composição da
atmosfera através da libertação de GEE (naturalmente ou pelos seres humanos)
irá provocar um aumento das temperaturas médias globais.
4. Há relação entre catástrofes naturais e aquecimeno global
Certo. As indicações científicas de que a intensidade dos eventos
extremos está aumentando devido às alterações climáticas que são cada vez mais
fortes. O que não significa que todos os eventos extremos sejam causados ou
diretamente relacionados com estas alterações. Um evento extremo é um
acontecimento raro num determinado local ou período do ano.
Apesar de toda a incerteza e de muitas vezes existir alguma confusão
entre o que é a ocorrência destes fenômenos e os danos que causam (o mesmo
evento extremo pode causar danos diferentes consoante a área que atinge), os
estudos científicos sobre o assunto apontam para um aumento da intensidade
destes eventos e, em alguns casos, também para um aumento da sua ocorrência.
5. O CO2 é alimento para
plantas
Verdade. Mas irrelevante para a discussão. A resposta das plantas ao
excesso de CO2 é sensível a uma variedade de fatores (idade,
genética, fenótipos, altura do anos, nutrientes, entre outros). Aliás, está
demonstrado que um aumento da concentração de CO2 promove na maior
parte das situações um maior crescimento das plantas até um determinado limite
a partir do qual se torna negativo. O aumento global de CO2 é muitas
vezes designado uma “gigantesca experiência biológica” que os seres humanos
estão a conduzir na Terra.
6. O sol está ficando mais quente
Errado, pelo menos desde 1978. O sol tem registado uma tendência de
arrefecimento desde 1978. Ainda assim, existem algumas incertezas neste ponto,
dado que as medições mais exaustivas começam precisamente no final dessa década
e ainda permanecem dúvidas quanto à melhor metodologia de análise.
Os cientistas estão de acordo que a atividade solar parece estar
regulada por períodos de 11 anos, os chamados ciclos solares. De acordo com as
últimas previsões da Nasa, atualizadas no início de julho, o pico do atual
ciclo solar (número 24) deverá ser atingido durante este verão. Contudo, está
descartado a possibilidade das grandes descargas de radiação interferirem na
comunicações por satélite ou outro equipamento espacial. Estima-se que este
pico seja o menos intenso desde 1906.
7. O aquecimento provoca aumento do CO2
Verdade. Não esquecer que o aumento do CO2
provoca aquecimento, que por sua vez provoca aumento de CO2, que por
seu turno aumenta o aquecimento.fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org/
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