Diversidade de Vidas

Adriana Garrote

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A diversidade existente na vegetação de uma mata ciliar nativa abrange muitas espécies vegetais, de micro e macroflora, de animais, de água e de solo que são específicas daquele local. E quando esses ecossistemas naturais são destruídos, jamais serão reconstruídos por mãos humanas.
Quando esses ecossistemas são “reconstruídos” pelo homem, para atingir um novo estágio de equilíbrio levarão milhares ou milhões de anos, e nunca chegarão à estrutura original. Quando uma barragem é permitida, os relatórios de impactos ambientais possuem como única medida mitigatória a recomposição da mata ciliar, que, na grande maioria das vezes, é constituída somente por algumas espécies arbóreas. (PIROLI, 2011).
Na fase de implantação da barragem há a ‘limpeza’ das margens, onde toda essa vegetação é extinta e, com ela, é liberado seu estoque de carbono para a atmosfera. A fauna local, quando capturada, pode morrer devido ao estresse da captura, locomoção ou, logo após, por sua dificuldade de adaptação ao novo meio, ou por se tornarem presas fáceis. Depois, há a inundação de áreas de terras férteis, e com essas margens artificiais, há, ainda, a perda e o empobrecimento do solo que vai parar no fundo da represa.
Loteamento e urbanização são comuns às margens de barragens. É preciso pensar na qualidade dessa água, e sobre quando ela é represada a montante da captação que abastece a cidade. Problemas futuros?
Em Piraju temos também os sítios arqueológicos que estão submersos, nosso patrimônio histórico que se perdeu tanto para expedições científicas como para visitação turística e cultural. Com esses sítios extintos, qual será agora a nossa história?
O Brasil, e também a nossa região, sofre da síndrome das Florestas Vazias. Esse esvaziamento e empobrecimento da biodiversidade, com o tempo, comprometem a vegetação, e hoje são sinônimos de extrema preocupação. Porque diminuem as plantas das quais os animais dependem, e assim há redução dos animais, dos quais as plantas dependem para existir. Com todo esse empobrecimento, a floresta vazia é comparada com uma cidade sem crianças. Funciona no presente, mas, e o futuro, como se dará?
É fato, a natureza se regenera, mas não a tempo de garantir qualidade de vida às futuras gerações. Barrar todo o rio em nosso município implica viver sem qualidade nas nossas águas. Será esse o destino dos futuros pirajuenses?
Cada um precisa pensar se é digno, se é justo que a nossa geração continue a agir como se fosse a última a habitar o Planeta, pois é assim que vivemos e estamos ensinando nossas crianças. A questão do comprar, do consumir e, consequentemente, da educação para a economia de energia nos faz voltar para nossa própria consciência. Temos esse direito?

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