Barragem: impactos que não têm volta


No ano em que preparei meu tcc (trabalho de conclusão de curso - link aqui), tive acesso ao artigo científico escrito por meu orientador, e publicado em revista científica. O estudo relata o destino, os resultados colhidos pela cidade de Salto Grande (SP) após 40 anos da instalação e funcionamento da usina hidrelétrica.
A construção durou de 1949 a 1958 e movimentou a cidade, gerando muitas esperanças de desenvolvimento para a comunidade com o comércio movimentado, ao mesmo tempo em que perdia DEFINITIVAMENTE suas cachoeiras.
Desde o período de construção do barramento até hoje, a cidade passou da euforia ao esquecimento. Quarenta anos depois, convive com inúmeros problemas ambientais gerados pela barragem.
O desenvolvimento, que deveria acompanhar e possibilitar o crescimento da cidade, na verdade, movimenta os grandes centros urbanos. Sai a energia das águas de Salto Grande e vai desenvolver as cidades mais prósperas do estado, deixando inúmeros problemas ambientais àquele município. O que ficou foi a degradação, a erosão das barrancas, uma água cada vez mais insalubre. O déficit ficou, o prejuízo.
O represamento das águas trouxe construções irregulares às margens, o que agrava a contaminação das águas, e também a eliminação da mata ciliar contribui para o assoreamento da represa.
É preciso saber que os barramentos acarretam transformações no meio ambiente que são definitivas, são para sempre. E que não há volta. Por isso, nossa responsabilidade é grande. Não haverá como desistir e tentarmos recuperar o que foi perdido. É importante saber que estamos definindo o futuro de nossa cidade.
A qualidade da água do reservatório é diretamente afetada pelos esgotos domésticos, pelos esgotos industriais, pelos fertilizantes agrícolas, materiais particulados de origem industrial. A atividade de exploração das mineradoras também é fator determinante no resultado da qualidade da água, pois foi examinado e há irregularidades, desde a obtenção da autorização da licença ambiental aos maquinários em péssimo estado de conservação, às faltas de equipamentos que acomodam a areia retirada, que acaba voltando ao reservatório.
Interferem também nessa qualidade da água a parte de recreação pela população local e das cidades vizinhas, como Ourinhos. Os ranchos nas margens da represa.
Antigamente, o que era visto como possibilidade de crescimento e desenvolvimento do local, hoje, após quarenta anos, os resultados são perdas: perda da área urbana desfigurada pela mudança da ferrovia, perda pelo não avanço industrial, perda de um futuro turístico pelas grandes cachoeiras, perda de parte da população, que necessita viver em outros centros.
As heranças deixadas pela usina para Salto Grande foram grandes problemas ambientais de difíceis soluções, pois implicam em altos investimentos e muito tempo para ser contornados. No momento, o poder público estuda saídas no sentido de contornar os problemas, como aumentar a compensação financeira e implementar o turismo aproveitando as águas do reservatório. (VARELLA, 2003, p.11).
Adriana Garrote Paschoarelli, pedagoga pirajuense.

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