O que te espera em 2014?
*Oswaldo Tadeu Fernandes Monteiro
Bacharel em Direito e Pesquisador em Direito Ambiental
O mundo tem tempo estimado para existir. Será possível
estender esse prazo se cuidarmos melhor dele? Nossas atitudes talvez respondam.
O crescimento, a riqueza, a cultura, a consciência das nações, são fatores que
podem determinar o futuro que queremos. Somos interdependentes entre o que
produzimos e gastamos.
Em
2014 poderemos avaliar quanto estamos harmonizados com a sustentabilidade. Dos
eventos impactantes previstos para 2014, a realização da Copa do Mundo no
Brasil emitirá 11,1 milhões de toneladas de CO2e, quantidade equivalente ao
consumo de um município do tamanho de Santos, por ano.
E
sobre as eleições deste ano? Algum órgão de pesquisa consegue avaliar os
impactos ambientais das campanhas eleitorais, que se utilizam de faixas,
placas, pinturas, bonecos, cartazes, bandeiras, etc., por todo o Brasil? A
classe política não deveria efetuar ações para compensar a emissão de CO² e o
consumo de produtos oriundos do petróleo e da derrubada de florestas, em razão
das suas atividades de campanha?
Mas
o que nós, cidadãos comuns do Brasil, temos a ver com isso? Tudo.
Porque
não somos uma ilha longínqua, distante de milhões de toneladas de resíduos
produzidos diariamente no mundo, apesar da responsabilidade maior dos países
desenvolvidos, superconsumidores.
A
população urbana no mundo produz em média 1,2 kg de resíduos sólidos por dia,
per capita. Os Estados Unidos são os líderes, produzindo 2,5 kg diários,
incluindo alimentos descartados. Abastança e desperdício andam juntos, como
irmãos que se ofendem.
Segundo o Ministério do
Meio Ambiente, em 2020 a população urbana será de 90%, resultando em cidades
mais caóticas, comprometendo a segurança e saneamento, tudo agravado pelo
aumento dos resíduos da construção civil.
Entre
os recursos naturais licitados em 2013, a serem prospectados no Brasil a partir
de 2014, está o xisto, mineral rochoso que contém matéria orgânica, do qual pode
ser extraído gás e óleo com propriedades semelhantes às do petróleo. Sua
exploração tem criado grande preocupação em virtude dos danos ambientais que
poderá ocasionar, porque para beneficiar esse mineral é necessário fracionar as
rochas e injetar grande quantidade de água, areia, e produtos químicos. Essa
técnica pode contaminar os aquíferos e causar explosão por vazamento de metano.
Um
mundo sustentável pressupõe diálogo entre conservação e consumo, com respeito às
diferenças, possibilitando a existência equilibrada do humano, do vegetal, do
animal, enfim, da vida. Por isso é necessário frear o lucro insano e dar tempo à
recuperação dos recursos naturais.
O
Brasil promulgou várias leis para prover a sustentabilidade e dentre elas está a
12.187/2009, que trata da Política Nacional sobre Mudança do Clima. Sua
execução determina que todos têm o dever de atuar em benefício das presentes e
futuras gerações, para a redução dos impactos decorrentes das interferências
antrópicas sobre o sistema climático.
Segundo
nossas lendas urbanas, no Brasil algumas leis não pegam. É indispensável,
portanto, os meios de comunicação contribuirem para o esclarecimento das
pessoas, físicas e jurídicas, com o debate sobre temas relacionados ao
desenvolvimento sustentável. As instituições financeiras também são
responsáveis ambientais, quando injetam recursos no parque industrial e de
serviços nacional, devendo questionar a eficácia ambiental dos empreendimentos
financiados.
As
opções estão à nossa frente: buscar desenvolvimento máximo para superar as
metas ou o respeitar parâmetros que conduzam a melhores condições de vida para
o presente e para o futuro. A ganância não deve buscar a produção a qualquer
custo, porque a Terra é finita e cada espaço tem sua função vital.
otf.monteiro@terra.com.br
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